segunda-feira, 16 de março de 2009

Trocas no Draft: análise geral

Custou ao Saints quase 30 M para subir no Draft, mas o time conseguiu o jogador que queria e Ellis correspondeu em campo

O Draft é o dia mais movimentado da NFL quando o assunto são trocas. Este evento não é simplesmente uma escolha ordenada de jogadores, mas também uma forma para os GMs fazerem negócios, câmbio de mercadorias e se mexerem para conseguir todos os jogadores-alvo do time. A escolha do jogador torna-se ainda mais complicada quando pensamos no fator econômico envolvido. Muitas vezes lemos nos diversos mock drafts que tal local do draft é muito alto para um determinado jogador. Isso não se refere somente ao talento do jogador em relação aos que ainda estão disponíveis, mas também leva-se em conta o salário que receberá esse rookie. O raciocínio é simples, quanto mais cedo escolhido, maior a quantia de dinheiro. Quantia esta que só tem crescido nos últimos anos. No ano passado, o #1 Jake Long assinou por 5 anos no valor de $57.5 milhões, sendo 3oM garantidos. O rookie do ano, QB Matt Ryan, assinou por 6 anos, $72 milhôes, sendo 34M garantidos. O último jogador do 1o round, o S Kenny Phillips, receberá por 5 anos $11.15 M. Ou seja, os rookies já chegam na NFL ganhando mais que a grande maioria dos jogadores, com salários de verdadeiros astros. Logo, escolher no Draft, principalmente no 1o round, não é simplesmente pegar um jogador, é fazer um investimento muito caro no seu time e que, por isso, deve ser altamente calculado.

Trade Up, ou seja, subir no draft, é, portanto, ponderar entre conseguir o seu jogador favorito e arcar com as pesadas consequencias econômicas. Essa decisão não é simples. Mas, da mesma forma que um time não quer penalizar ainda mais o Salary Cap, ele quer ter a certeza de pegar o seu jogador favorito para investir o seu dinheiro da melhor forma. Logo, a ''arte'' do trade up ainda é muito recorrente no Draft. Só em 2008, ocorreram 8 trocas no 1o round. A mais cedo ocorreu no sétimo pick, no qual o Saints subiu do #1o para o #7 (que era do Patriots) para escolher o DT Sedrick Ellis. Isso representou uma diferença (impressionante) de quase 30 M no contrato (Ellis assinou por 5 anos, 49M. Já Jerod Mayo, escolhido pelo Pats, assinou por 5anos/18.9M). Grande custo financeiro para o Saints, mas não podemos dizer que não valeu a pena: Ellis foi o melhor rookie DT, conseguindo uma vaga de titular logo de cara, além de 30 tackles e 4 sacks. Além disso, o Cincinnati Bengals estava pronto para pegar Ellis um pick antes do Saints. O Saints teria que, então, mudar de direção, já que havia uma grande diferença entre Ellis e os outros DTs disponíveis (o próximo DT escolhido foi Kentwan Balmer (pick 29), que ainda assim tem características diferentes de Ellis. O DT similar a Ellis mais próximo foi Trevor Laws, no pick 47, pelo Eagles, que teve apenas 12 tackles e nenhum sack.) Essa análise do trade up do Saints foi para embasar o argumento de que o trade up ainda é válido pois vale pesar mais o bolso se é para fazer um investimento certo.

Agora sobre o Trade Down... Muitas vezes vejo os fãs da NFL dizendo que querem que o time dê trade down no Draft, afinal a idéia de acumular mais picks é sempre muito interessante. No entanto, trade down não se baseia em vontade de quem quer descer, mas muito mais em vontade de quem quer subir e principalmente os jogadores disponiveis no momento. Qualquer time, na hora que está no relógio, fica atento ao seu telefone. Pode até ter um jogador muito visado, mas sempre estará disposto a ouvir propostas de troca. Portanto, o que acontece é um time se dispôr a subir. Até porque se um time declarar abertamente que quer descer, seu nível de barganha cai e receberá menos do que poderia.

Por fim, uma ótima dica para ver que trocas podem ocorrer no dia do Draft é seguir a tabela de pontos por pick, ou Trade Value Chart . É como uma balança para ver se os picks estão equilibrados e um ponto comum possa ser atingido. Por exemplo, a já falada troca entre Saints e Patriots em 2008: O Patriots deu os picks 7 e 164, que somam 1525,8 pts, e recebeu os picks 10 e 78, que somam 1500 pts. Os valores são próximos o que justifica a troca.

3 comentários:

Professor Marcelo Arantes disse...

Excelente Texto Amaral. Acho que o Lions deve encontrar um parceiro para fazer um Trade down. Acredito fortemente que eles vão de DT no primeiro round e BJ Raji não merece o pick #1 (muito caro né?). Detalhe o melhor desempenho de DT draftado ano passado foi de Jason Jones (2º rount dos Titans [bairrismo? auahuhauahuah]) - 31 Tackles, 5 Sacks e 3 FF).

F Amaral disse...

Verdade, o Jason Jones jogou muito bem. É porque no Draft ele sempre constou como DE. Acho que jogou de DE pelo Titans mas se consolidou como DT, não é?

Nícolas disse...

Belo texto cara, sempre confundi trade down com trade up, esclareceu e entendi porque não é tão simples assim